segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A primeira manchete de jornal a gente não esquece

26 de agosto de 1986. A Gazeta Mercantil custava 6 cruzados e 50 centavos e eu escrevia minha primeira manchete no jornal. 

Ganhei de presente  o negativo da impressão, que tenho na parede até hoje. A matéria (“em 60 dias, a indústria produz mais”) era importante porque dependia de um rápido aumento de produção diminuir a pressão inflacionária sobre o congelamento de preços do Plano Cruzado.

Conheci bem Dilson Funaro, ministro da Fazenda, com um espírito missionário que o fazia querer botar ordem até nas entrevistas com jornalistas e transformou o fim de sua vida, tomado pelo câncer, também numa cruzada quixotesca pela salvação do Brasil. Cada vez que olho esta página, ela parece mais apagada - no tempo. 

Vou lendo os nomes e muita gente que está ali já morreu. 

Getúlio Bittencourt, que escrevia sobre a campanha para governador de São Paulo, que tinha Antônio Ermírio (x), Orestes Quércia (x), Paulo Maluf (ainda vivo) e Eduardo Suplicy (também). Marcos Freire, então presidente da Caixa Econômica, morreu num acidente de avião. Celso Pinto, então estrela do jornal, teve de abandonar o jornalismo cedo com problemas de saúde. Paulo Sotero continua firme em Nova York. Tom Camargo,  Londres. Os sonhos de Funaro morreram. Os do Brasil, também.